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Porto Velho, Rondônia - A decisão do Copom, de reduzir 0,25 ponto percentual a Taxa Selic, foi ruim em si, porque os juros estão muito altos, mas o pior é tudo o que ficou dessa reunião, uma impressão de divisão política, e de sinais confusos para o futuro. Bancos centrais podem ficar divididos, isso não é um problema. A questão é que ficou parecendo que a divisão seguiu a polarização política do país.
Os quatro indicados pelo presidente Lula votaram por um corte de 0,50 ponto percentual, os cinco indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, por 0,25 pp. Todos os dois lados têm argumentos técnicos para sustentar sua posição, acho que faria mais sentido um corte de meio ponto, mas o problema é como isso será visto e como essa interpretação influenciará os preços dos ativos. O risco é que se entenda o placar como sendo sinal de que no futuro o Banco Central será mais dócil às pressões políticas. Se fosse o mesmo resultado, mas com uma divisão diferente na diretoria não haveria esse risco.
A decisão é muito conservadora diante do quadro de inflação baixa e os juros muito altos. A autarquia diz estar vendo com atenção a área fiscal e realmente há razões para preocupação na área fiscal. Mas a inflação prevista não justifica esse excesso de cautela, os juros estão altos, estavam em 10,75%, podiam ter ido para 10,25%, e ainda permaneceriam elevados. O que as projeções indicam é uma inflação descendente, é uma desinflação, uma inflação indo para 3,8% este ano e 3,3% no ano que vem.
Isso mostra que a diferença em relação à meta ( 3,3%) é muito pequena, significa que as expectativas estão sim ancoradas, como eles costumam dizer em "bancocentrês".
Outro ponto negativo, é o fato de o comunicado não trazer qualquer sinalização para o futuro da política monetária.
Na última reunião, o comunicado divulgou a perspectiva de corte futuro da mesma magnitude, ou seja, meio ponto. Mas não foi o que aconteceu. Dessa vez não há indicação sobre para onde vai a política monetária. A comunicação clara do Banco Central é parte da política monetária.
Fonte: O GLOBO
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