Média era de pouco mais de seis horas em 2021 e foi de 12 horas e 20 minutos no início de 2024, maior patamar da série

Porto Velho, Rondônia - O tempo médio para atendimentos de ocorrências pela Enel São Paulo atingiu o maior patamar da série histórica e já é o dobro da média de três anos atrás, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) . O Tempo Médio de Preparação, que avalia o tempo que a concessionária leva para preparar a equipe para o atendimento de emergência, foi de 12 horas e 20 minutos em janeiro e fevereiro (732 minutos) deste ano.

Se considerados os mesmos meses de 2023, o tempo era de cerca de 11 horas e 40 minutos. Já se levada em consideração a média de todo o ano passado, o tempo médio de preparação foi de 11 horas e oito minutos. Em 2021, a média era de pouco mais de seis horas.

A concessionária atende cerca de 7 milhões de pessoas em 24 municípios da Região Metropolitana, incluindo a capital, e está no alvo do Ministério de Minas e Energia, que determinou a abertura de um processo disciplinar para investigar as “transgressões reiteradas” da empresa.

O tempo médio de resposta vem crescendo nos últimos anos. Em 2022, a Enel levava, em média, 554 minutos para atender às ocorrências emergenciais — ou cerca de 9 horas e 24 minutos. Em 2020, era de oito horas.

Em 2019, girava em torno de seis horas e, em 2018, quando a Enel assumiu a operação que antes era da Eletropaulo, era de apenas quatro horas. Esse indicador existe desde 2009, e atualmente a concessionária chegou ao pior patamar.

Segundo a Aneel, a Enel SP teve 26.099 ocorrências emergenciais com interrupção de energia elétrica em janeiro e 25.438 em fevereiro, somando 51.537 ocorrências — um aumento de 13% em relação aos dois primeiros meses de 2023.

Novembro passado foi o mês com mais demora para atendimento dessas ocorrências — tanto em relação ao tempo médio de preparação quanto de execução dos serviços para religar a luz. Naquele mês, a empresa levou em média 1.018 minutos para preparar o atendimento, mais de 16 horas.

Foi em 3 de novembro que um apagão deixou mais de 2 milhões de pessoas sem energia elétrica em diversos bairros de São Paulo e de cidades da Região Metropolitana. Em alguns locais, foram seis dias com o serviço interrompido, após um temporal com ventos de mais de 100 quilômetros por hora. No dia 15 daquele mês, houve novas interrupções nos serviços em alguns bairros da capital.

Quando comparada com outras concessionárias do país neste quesito de tempo de preparação do atendimento, a Enel só fica atrás da Light, que atua na cidade do Rio de Janeiro, e da Neoenergia de Pernambuco.

Em nota, a Enel informou que aposta em melhorias de seus serviços e que vai investir cerca de R$ 18 bilhões até 2024 no Brasil, sendo 80% em distribuição de energia.

A empresa afirmou que, com relação aos indicadores que compõem o tempo médio de atendimento, "estes não capturam efeitos das tecnologias de automação, que tiveram impacto positivo nos serviços prestados aos consumidores", mas que ainda assim, neste ano, "a Enel SP desenvolveu um plano com foco em reduzir o tempo médio de atendimentos aos clientes".

"A Enel reforça que nos últimos anos fez significativos investimentos para elevar a qualidade do serviço e enfrentar os enormes desafios por que passa o setor elétrico, sobretudo em função do avanço das mudanças climáticas. Esses investimentos levaram a uma melhoria dos principais indicadores globais de qualidade, refletidos na duração média das interrupções (DEC) e na quantidade média das interrupções (FEC)", disse a empresa em nota.

"Em São Paulo, desde 2018, quando assumiu a concessão da distribuidora, a Enel já investiu R$ 8,36 bilhões. Isso equivale a uma média de R$ 1,4 bilhão por ano, quase o dobro da média anual de R$ 800 milhões realizada pelo controlador anterior. Como resultado, a duração média das interrupções e a quantidade média das interrupções registraram acentuada melhoria (quase 50% desde 2017). Tais indicadores representam um desempenho melhor que as metas estabelecidas pela Aneel", destacou a companhia.


Fonte: O GLOBO