Parlamentares avaliam gestos de Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA) durante votação sobre o futuro de parlamentar

Porto Velho, Rondônia - A votação que manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) por suposto envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco expôs a estratégia dos principais candidatos à presidência da Câmara para se cacifarem à sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Tido como o favorito de Lira para o seu lugar, o líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA), orientou a sua bancada a votar de forma favorável à soltura e acompanhou o posicionamento.

Parlamentares da oposição argumentam que a prisão de Brazão desrespeitou a Constituição, por não ter ocorrido em flagrante e, desta forma, se opõem à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O posicionamento de Elmar teve dupla interpretação nos bastidores da Câmara: por um lado, o parlamentar teria se colocado como a imagem e semelhança de Lira, ao se portar como o "presidente do sindicato dos deputados", por defender as garantias constitucionais dos parlamentares. Por outro lado, Elmar fez um aceno ao bolsonarismo, que pode atuar como uma espécie de "fiel da balança" na disputa que ocorrerá no ano que vem.

Já Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente do Republicanos, que também almeja a cadeira hoje ocupada por Lira, viu a sua bancada se dividir após liberar a votação do partido. Pereira não marcou presença na sessão e viu a sua bancada dar 20 votos pela manutenção da prisão e outros oito favoráveis à soltura de Brazão.

Desta forma, o cacique do Republicanos agradou "a gregos e troianos" da legenda, sem se comprometer com ninguém. Pereira tenta reverter rusgas antigas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, com cujo apoio conta na eleição para a presidência da Câmara.

A exemplo de Pereira, o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), sequer marcou presença na sessão, o que foi visto como uma tentativa de mostrar a isenção da legenda neste processo, apesar de permitir que os seus parlamentares opinassem pelas garantias constitucionais.

Enquanto isso, o líder do PSD, Antônio Brito (BA), fez acenos ao governo. Brito, que sonha ser o candidato governista nesta disputa, orientou a sua bancada a votar pela manutenção da prisão. O partido dele controla três ministérios na Esplanada. O PSD garantiu 35 votos pela manutenção da prisão e apenas dois contrários. A legenda teve três abstenções.


Fonte: O GLOBO