Bactéria impede que os vírus causadores de várias doenças se desenvolvam dentro do inseto

Porto Velho, Rondônia - A nova Biofábrica Método Wolbachia, inaugurada nesta segunda-feira em Belo Horizonte, terá a capacidade de produzir dois milhões de mosquitos por semana. O número equivale, na média, a um impressionante número de 200 insetos por minuto, todos dedicados a auxiliar no combate à dengue e outras doenças.

Os mosquitos com a bactéria Wolbachia serão soltos em 22 municípios da Bacia do Rio Paraopeba, em Minas Gerais. Embora as autoridades tenham anunciado a conclusão das obras, a biofábrica só deve iniciar as operações em janeiro do ano que vem. Ela precisa das licenças obrigatórias para funcionamento.

O método é uma esperança para o controle de arboviroses e funciona da seguinte forma: o mosquito Aedes aegypty é infectado com a Wolbachia. Essa bactéria impede que os vírus causadores de doenças como dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro do inseto.

Em seguida, os wolbitos, como são chamados, são soltos e vão se reproduzir com os mosquitos já existentes na natureza. As novas gerações de Aedes aegypty estarão com a bactéria e não transmitirão as doenças. Ou seja, a ideia não é exterminar o mosquito, até porque ele está no planeta há séculos, mas impedir a disseminação das arboviroses que se tornaram um grande problema de saúde pública.

Método Wolbachia foi criado na Austrália — Foto: World Mosquito Program

A biofábrica será administrada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o governo de Minas. A unidade vai permitir ao Brasil ampliar sua capacidade de produção de uma das principais tecnologias no combate à dengue e de outras doenças.

A construção foi realizada por meio de acordo judicial com a mineradora Vale, como parte da reparação por danos causados pelo rompimento da barragem da empresa em Brumadinho no ano de 2019. A tragédia matou 272 pessoas e causou uma devastação ambiental, social e econômica na região. A mineradora também vai custear as operações por cinco anos. O projeto da Biofábrica terá investimento de mais de R$ 77 milhões, segundo o governo estadual.

A Fiocruz é a responsável pelos projetos no país que usam o Método Wolbachia, patenteado pelo World Mosquito Program (WMP). Atualmente, os municípios de Belo Horizonte, Campo Grande, Petrolina, Niterói e Rio de Janeiro estão incluídas na pesquisa.

O método desenvolvido na Austrália é usado em 11 países que compõem o Programa Mundial de Mosquitos. O Brasil faz parte do grupo desde 2014. O Ministério da Saúde espera instalar em breve biofábricas no Ceará e no Paraná.

O Método Wolbachia começou a ser implementado como projeto piloto em Niterói, no Rio de Janeiro, em 2015. De acordo com o governo federal, houve redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção. No ano passado, o município se tornou o primeiro no país com 100% do território coberto pelo método.

A inauguração da fábrica em Belo Horizonte — Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG


Fonte: O GLOBO