Peritos do Instituto Nacional de Criminalística foram enviados ao Pará para apontar a causa das mortes das nove vítimas

Porto Velho, Rondônia - A Polícia Federal levantou suspeitas de que os nove migrantes encontrados mortos em uma embarcação à deriva no litoral do Pará estavam indo para as Ilhas Canárias, um arquipélago pertencente à Espanha. Localizado no Oceano Atlântico na costa do Marrocos, o arquipélago passou a ser um destino frequente de migrantes africanos nos últimos anos, após a Europa aumentar a vigilância no Mar Mediterrâneo.

Os investigadores encontraram junto aos corpos documentos que apontam que as vítimas vieram de países da África subsariana, como Mauritânia e Mali. Migrantes desses países costumam utilizar barcos pesqueiros para ir às Ilhas Canárias como uma porta de entrada ao continente europeu. Para driblar a fiscalização, eles se distanciam das regiões costeiras e adentram o alto-mar.

Nessa região, os migrantes acabam se deparando com uma corrente de águas muito frias das Ilhas Canárias, que costuma arrastar as embarcações em direção ao Caribe. Em 2021, um barco com registro da Mauritânia atracou na ilha de Tobago, no Caribe, com quinze esqueletos a bordo. As autoridades daquele país indicaram que a embarcação havia ficado à deriva por mais de seis meses.

O Instituto Nacional de Criminalística (INC) da PF enviou peritos para fazer a identificação dos corpos e apontar a causa e o tempo em que eles ficaram flutuando no o mar, sem água e alimentos. Parte dos cadáveres já estava em estado de decomposição e não havia marcas de violência.

As autoridades enfrentaram dificuldades para conseguir retirar o barco da região de mangue na altura da cidade de Bragança, no norte do Pará, o que só aconteceu na segunda-feira. Foi preciso esperar a maré baixar para acessar o local.

Barco com corpos no Pará: máquina durante tentativa de retirada da embarcação da margem de rio para caminhão levar até IML em Bragança — Foto: Fábia Sepêda/TV Liberal

Os corpos foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) de Belém, onde serão analisados pelos peritos da PF e da Polícia Científica do Pará.

Segundo informações da Marinha, a embarcação foi fabricada com fibra de vidro, e possui cerca de 13 metros de comprimento. O veículo foi encontrado sem motores ou quaisquer sistemas de propulsão e direção, mas não apresenta sinais de que passou por naufrágio.


Fonte: O GLOBO