Após o período de festas de fim de ano, 332 mil pessoas voltam a procurar vagas e pressionam taxa. Por outro lado, há 38 milhões de trabalhadores formais no país. Renda sobe 1,1% no trimestre
Porto Velho, RO - Com mais pessoas em busca de trabalho, a taxa de desemprego subiu para 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro. Significa dizer que, no país, há 8,5 milhões de pessoas que procuram oportunidades, mas não conseguem. É a primeira alta deste indicador desde o trimestre encerrado em abril, depois de um período aquecido do mercado de trabalho.
A geração de vagas formais foi o que impediu uma queda na ocupação, que seguiu estável, segundo o IBGE. O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 37,9 milhões. É o maior nível para toda a série histórica, iniciada em 2012. O contingente chega a superar o trimestre encerrado em junho de 2014, quando haviam 37,6 milhões de brasileiros formalizados.
É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta quinta-feira.
- O resultado veio dentro do esperado. Analistas estimavam alta de 7,8%, segundo mediana das projeções compiladas pela Bloomberg.
- O número aponta uma aceleração em relação ao trimestre encerrado em novembro, que serve de comparação. O desemprego estava em 7,5%.
Mais 332 mil pessoas passaram a buscar uma opção entre dezembro e fevereiro, o que resultou numa alta de 4,1% da população desempregada na comparação trimestral. Ao todo, são 8,5 milhões de brasileiros em busca de oportunidades.
Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, o aumento da taxa de desocupação nessa época do ano está associado “ao retorno de pessoas que, eventualmente, tinham interrompido a sua busca por trabalho em dezembro e voltaram a procurar uma ocupação nos meses iniciais do ano seguinte”.
Dispensa de trabalhadores informais e temporários
O número de pessoas que estavam trabalhando em fevereiro no país se manteve em torno de 100,2 milhões, segundo o IBGE, o que não indica variação estatística significativa. A população ocupada está ainda 2,2% acima do contingente registrado no mesmo trimestre móvel do ano passado (99,1 milhões de trabalhadores).
Apesar do quadro de estabilidade na população ocupada, algumas atividades registraram redução no contingente de trabalhadores no trimestre. Foi o caso da agropecuária (-3,7%) e da administração pública, saúde e educação (-2,2%).
No caso da agricultura, a redução de trabalhadores pode estar associado à queda de pessoal nas culturas do milho e do café. Um padrão de sazonalidade, afirma Adriana. No caso da administração pública, é a mesma tendência:
— No final do ano ocorre a dispensa de servidores com contratos temporários de profissionais da educação básica no setor público. Esses setores voltam a contratar quando as aulas recomeçam, principalmente depois de fevereiro.
Na outra ponta, a ocupação cresceu 5,1% no trimestre na atividade de transportes, armazenagem e correio. Um ingresso de 285 mil trabalhadores no setor. Segundo o IBGE, há uma demanda por profissionais na área de transportes de carga, logística e armazenamento, algo que se manteve neste período.
A coordenadora do IBGE acredita que, no trimestre analisado, as categorias em que ocorreram as dispensas “têm predomínio de trabalhadores informais.
— Isso ajudou a manter estável o contingente de empregados com carteira assinada (em 38 milhões) — afirma.
Rendimento em alta
O rendimento real (já descontada a inflação) teve alta de 1,1% frente ao trimestre anterior e chegou a R$ 3.110. No ano, o crescimento foi de 4,3%. Segundo o IBGE, há dois movimentos que ajudam a explicar a alta da renda.
O aquecimento do setor de alojamento e alimentação desde o fim de ano contribuiu para esse avanço, apesar da presença de trabalhadores informais no setor. Já no caso da administração pública, a dispensa de trabalhadores temporários, principalmente de escolas municipais, que tem rendimentos menores, pode ter contribuído para que aumentasse a média dos rendimentos nesse grupo.
A massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 307,3 bilhões, renovando o recorde da série histórica do IBGE. O resultado ficou estável frente ao trimestre anterior e cresceu 6,7% na comparação anual.
Desalento sobe pela primeira vez desde abril de 2021
Com a primeira alta desde abril de 2021, o desalento aumentou 8,7%. Agora são 3,7 milhões de pessoas sem esperanças de encontrar uma oportunidade no mercado de trabalho, mais 293 mil brasileiros nessa condição.
Apesar da alta, o nível do desalento segue em patamares inferiores à Covid. Em abril de 2021, durante a pandemia, o número de pessoas desalentadas chegou a 5,9 milhões.
Perspectivas para 2024
Analistas projetam que, em relação ao ano anterior, o nível de desemprego deve subir um pouco neste ano. As estimativas giram em torno de 8%, segundo consenso da Bloomberg. Em 2023, a desocupação caiu a 7,8% na média do ano, a menor taxa desde 2014.
Fonte: O GLOBO
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