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| Relatório da Oxfam revela aumento da desigualdade global e destaca necessidade de medidas para combater o acúmulo de riqueza (Foto reprodução) |
Porto Velho, RO - O mais recente relatório da Oxfam, organização comprometida com a luta contra a pobreza, a desigualdade e a injustiça, apontou um cenário alarmante de aumento da desigualdade global. De acordo com o "Desigualdade S.A.", lançado nesta segunda-feira (15), a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo mais que dobrou desde 2020, saltando de US$ 405 bilhões para impressionantes US$ 869 bilhões. Esse acúmulo de riqueza ocorreu a uma taxa vertiginosa de US$ 14 milhões por hora. No entanto, ao mesmo tempo, quase 5 bilhões de pessoas viram suas condições financeiras piorarem.
Os dados revelados pelo relatório são preocupantes e destacam uma tendência alarmante. Se essa trajetória persistir, o mundo poderá testemunhar a ascensão do primeiro trilionário em uma década, enquanto a erradicação da pobreza global pode levar mais de 200 anos para ser alcançada. A Oxfam enfatiza a urgência de adotar medidas concretas para interromper esse ciclo de acúmulo de riqueza desenfreado, incluindo a oferta de serviços públicos de qualidade, a regulação rigorosa das atividades empresariais, a quebra de monopólios e a implementação de impostos permanentes sobre riqueza e lucros excessivos.
Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil, ressalta que os super-ricos estão concentrando cada vez mais poder, além de riqueza, o que agrava as desigualdades globais. Ela observa que, no Brasil, a desigualdade de renda e riqueza está intimamente ligada à desigualdade racial e de gênero, com a maioria dos super-ricos sendo homens brancos. Maia enfatiza a importância de enfrentar essa realidade para construir uma sociedade mais justa e equitativa.
O relatório também destaca dados alarmantes em relação ao Brasil. A média de rendimento das pessoas brancas é mais de 70% superior à das pessoas negras. Quatro dos cinco bilionários mais ricos do Brasil viram sua riqueza aumentar em 51% desde 2020, enquanto, no mesmo período, 129 milhões de brasileiros se tornaram mais pobres.
Além disso, a pessoa mais rica do Brasil possui uma fortuna equivalente ao patrimônio da metade mais pobre da população do país, o que representa 107 milhões de indivíduos. A parcela de 1% dos mais ricos controla 60% dos ativos financeiros do Brasil.
O relatório, lançado coincidentemente no início do Fórum Econômico Mundial de 2024, revela que sete das 10 maiores empresas do mundo têm um bilionário como CEO ou principal acionista. Essas empresas têm um valor estimado de US$ 10,2 trilhões, superando o Produto Interno Bruto (PIB) combinado de todos os países da África e América Latina.
Amitabh Behar, diretor executivo interino da Oxfam Internacional, alerta que a sociedade está testemunhando o início de uma década de divisão, com bilhões de pessoas sofrendo os impactos da pandemia, inflação e conflitos, ao mesmo tempo em que as fortunas dos bilionários continuam a crescer. Ele enfatiza que essa desigualdade não é acidental, mas resultado de ações que favorecem os mais ricos em detrimento de todos os outros.
O relatório também revela que, a cada US$ 100 de lucro obtido por cada uma das 96 maiores empresas do mundo entre julho de 2022 e junho de 2023, US$ 82 foram destinados aos seus acionistas mais ricos.
Diante desse cenário, a Oxfam argumenta que os governos têm a responsabilidade de reduzir drasticamente a disparidade entre os super-ricos e o restante da sociedade. Isso pode ser alcançado por meio de ações como a garantia de serviços públicos de qualidade, o controle do poder corporativo, a tributação de grandes empresas e a criação de impostos sobre riqueza e lucros excedentes. A implementação de um imposto sobre a riqueza dos milionários e bilionários, por exemplo, poderia gerar anualmente US$ 1,8 trilhão.
A Oxfam enfatiza a necessidade de reimaginar a forma como os negócios são conduzidos, redistribuindo o poder e a riqueza para beneficiar a sociedade como um todo. Empresas de propriedade democrática têm o potencial de equalizar melhor os rendimentos dos negócios, e a organização estima
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