Copom destaca necessidade de cumprimento das metas fiscais para garantir estabilidade econômica (Foto reprodução)

Porto Velho, RO -  O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) enfatizou, em sua reunião da última semana, a vital importância do cumprimento da política fiscal do governo para o equilíbrio das contas públicas e a consequente redução da inflação. Preocupado com as expectativas acima da meta, o Copom destaca que esse fator influencia diretamente a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic.

Na ata divulgada nesta terça-feira (19), o Copom ressaltou que a redução das expectativas de inflação exige um contínuo fortalecimento da credibilidade e reputação das instituições públicas, bem como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira.

"Com relação ao cenário fiscal, tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas", destaca a ata.

O Copom expressou preocupação com o possível impacto negativo no custo de desinflação em termos de atividade econômica, caso haja um esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal. O aumento do crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública também foram apontados como fatores que podem elevar a taxa de juros neutra da economia.

A taxa neutra, que não estimula nem desestimula a economia, é crucial para o Banco Central no controle da inflação. O Copom destaca que as variáveis, como a dinâmica fiscal e o cenário externo, podem alterar as expectativas de mercado, influenciando a decisão sobre os juros.

Apesar do progresso desinflacionário, o Copom destaca que há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta. A recente redução da taxa Selic para 11,75% ao ano reflete a estratégia de convergência da inflação para a meta estabelecida para 2024 e 2025, que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

O Copom afirma que a magnitude total do ciclo de flexibilização da política monetária dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. A necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista foi ressaltada até que se consolide o processo de desinflação e a ancoragem das expectativas em torno das metas.

Além disso, o Copom avaliou indicadores recentes que apontam para uma desaceleração da economia, como era esperado com a manutenção da Selic em níveis elevados. A resiliência do consumo das famílias foi destacada, mas há preocupações com a queda nos investimentos das empresas, o que poderia resultar em um excesso de demanda em relação à oferta no médio prazo, com possíveis impactos sobre os preços.

O Banco Central continua atento ao comportamento da inflação no primeiro semestre de 2024 para determinar os próximos passos na condução da política monetária, buscando assegurar a estabilidade econômica do país.