No pós-pandemia, escritório que mais parece hotel é estratégia para reter talentos e atrair funcionários para o expediente presencial. Alguns têm até galerias de arte no lobby
Pense nos trabalhadores de escritório como turistas. Coloque-os em um prédio que eles admirem e sobre os quais eles possam contar histórias em casa, misture-os com pessoas que pensam como eles e faça com que se sintam cuidados. E, assim, quem sabe, eles vão aguentar se deslocar até o trabalho.
Pelo menos essa é a ideia dos "resorts de trabalho", ou escritórios que mais parecem hotéis do que edifícios de vidro e aço. Jardins ao ar livre, áreas de estar aconchegantes, espaços de coworking e mesas mais isoladas — que mais parecem um elegante hotel — oferecem "experiências" ao trabalhador.
Galerias de arte, restaurantes e cafés no térreo transformam o prédio em um destino para a comunidade em geral, além dos trabalhadores de escritório. E é claro que a embalagem importa.
— Quando você passa pelo prédio, você só tem que parar, olhar para trás e dizer o que é isso? Quero estar aqui — disse Matthias Hollwich, fundador do escritório de arquitetura HWKN Architecture, com sede em Nova York .
Parede de escalada e cafés disputados
O conceito dos “resorts de trabalho” está surgindo à medida em que bancos e outros grandes empregadores estão saindo de prédios antigos em distritos empresariais tradicionais — como Canary Wharf, em Londres, ou La Defense, em Paris — instalando-se em espaços mais compactos cercados por lojas e cafés.
Medidas como a exigência de retorno aos escritórios até agora não surtiram efeito prático em atrair todos de volta ao regime presencial.
Um estudo recente do BCG descobriu que menos de 70% dos funcionários voltaram para os escritórios em tempo integral nas empresas em que há essa exigência formal.
Como estratégia, designers e arquitetos como Hollwich dizem que transformar escritórios em lugares que as pessoas realmente querem ir é a chave para o sucesso.
Um escritório que se encaixa no conceito é o 22 Bishopsgate em Londres. O edifício de 62 andares tem um piso com espaço aberto com mostras de arte moderna, elevadores rápidos, uma grande área de mercado com barracas de comida de rua, zonas de coworking coloridas e uma parede de escalada.
— Operadores de coworking e proprietários convencionais estão competindo com cafés, clubes de fidelidades e hotéis para atrair as pessoas de volta ao ambiente de trabalho. Para muitos provedores de espaço, isso significa introduzir elementos do mundo da hospitalidade no escritório — disse John Williams, diretor de marketing do Instant Group, um mercado para espaços de escritório.
Ele acrescenta:
— Alguns dos melhores cafés e comidas de Londres agora podem ser encontrados em espaços de coworking, como o Ministry in Borough, e não é coincidência que um espaço como esse esteja 95% ocupado em comparação com a média do mercado, pela qual menos de 40% dos funcionários estão de volta ao escritórios.
Ímã de talentos
É claro que adicionar elementos interessantes ou divertidos – como mesas de pingue-pongue e cafeterias gourmet – aos locais de trabalho não é novidade. De fato, os escritórios percorreram um longo caminho desde onde começaram e os “resorts de trabalho” fazem parte dessa evolução de longo prazo.
Antigamente, os locais de trabalho tinham que oferecer uma boa relação de custo-benefício em uma localização privilegiada para obter um selo de aprovação do CEO. No entanto, no mundo pós-pandemia – e um mercado de trabalho apertado – eles precisam obter aprovação de cada funcionário. Isso está transformando escritórios de meros produtos em serviços.
Eles não são mais apenas um lugar para trabalhar, mas uma ferramenta de produtividade que aproxima pessoas e facilita conexões.
— É muito um sabor do momento — disse Antony Slumbers, consultor independente sobre espaços de trabalho — O uso misto é o tema do futuro escritório. Quando você entra no escritório, você precisa de instalações diferentes, mas também é sobre usar seu ambiente local como um ímã de talentos.
Fonte: O GLOBO
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