Integrantes do PL temem que operação deflagrada nesta sexta-feira relacionada à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) possa afetar os planos do partido para a eleição da prefeitura do Rio de Janeiro, em 2024.

O receio é que as investigações chegue a atingir diretamente o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ex-chefe da Abin no governo Bolsonaro e cotado para concorrer à prefeitura do Rio, Ramagem, esteve à frente do órgão quando o uso de um sistema que realiza monitoramento ilegal de pessoas foi feito de maneira extensa.

Logo que a ação foi deflagrada pelos policiais, nesta manhã, aliados e auxiliares de Bolsonaro foram a campo levantar até que ponto a investigação teria potencial de implicar Ramagem. Na operação deflagrada nesta sexta-feira, dois agentes foram presos e cinco afastados. Ramagem não foi alvo. A coluna apurou que, no processo administrativo disciplinar que esses servidores responderam, o ex-chefe da Abin não foi citado.

Como informou a coluna, os investigadores identificaram que agentes da Abin utilizaram a ferramenta mais de 30 mil vezes. A PF conseguiu detalhar 1.800 usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados, integrantes do Judiciário e adversários do governo Bolsonaro.

O sistema FirstMile, criado empresa israelense Cognyte, foi adquirido pelo governo de Michel Temer, mas teve ampla utilização pela Abin na gestão de Jair Bolsonaro, com Ramagem à frente da agência.

Próximo ao ex-presidente e a seus filhos, Ramagem é apontado como opção do PL para concorrer à prefeitura da capital fluminense, caso o general Walter Braga Netto não aceite a empreitada. Delegado da Polícia Federal, o deputado é um dos nomes aprovados por Jair Bolsonaro e eus filhos na corrida eleitoral carioca.

No dia anterior à operação, o deputado federal publicou nas redes sociais uma foto ao lado do vereador Carlos Bolsonaro em visita ao seu gabinete.

Sobre a operação policial, Ramagem afirmou que o sistema foi adquirida em 2018, antes do governo Bolsonaro começar, e disse que, quando assumiu a Abin, todos os contratos passaram por auditoria.

“Mesmo tendo passado por prova de conceito técnico e parecer favorável da Advocacia-Geral da União para aquisição (2018), nossa gestão resolveu encaminhar à Corregedoria para instaurar correição. A operação de hoje só foi possível com esse início de trabalho de austeridade promovido na nossa gestão”, escreveu nas redes.


Fonte: O GLOBO