
— Você falar de uma instituição fica um pouco etéreo. Você tem que personificar. Você tem que achar dentro da instituição um inimigo de carne e osso, porque aí você personifica. No caso do Brasil, foi carne, osso e sem cabelo. Um preconceito. E aí você vai batendo, vai batendo. Porque dá Ibope. Vira uma novela — discorreu Moraes.
Atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsável, no STF, pela relatoria de diferentes ações que miram Jair Bolsonaro (PL) ou seus aliados, Moraes tornou-se um dos principais alvos do ex-presidente e seu entorno. Na solenidade do Sete de Setembro em 2021, por exemplo, o então chefe do Executivo chegou a chamar o magistrado de "canalha", acrescentando que não mais cumpriria decisões judiciais que partissem dele.
Em sua fala durante o evento, Moraes também discorreu sobre o poder das redes sociais e da capacidade dessas plataformas de disseminarem desinformação em larga escala. O ministro destacou a radicalização do discurso político e comparou o funcionamento dos algoritmos dessas redes a uma "lavagem cerebral".
— (O objetivo é) transformar o eleitor em massa de manobra. Transformar o eleitor, lamentavelmente, em um fanático político. Foi assim que começou o algoritmo — resumiu.
O magistrado tratou ainda do que chamou de "ataque à democracia" por representantes da extrema direita ao redor do mundo. Ao longo da fala, Moraes citou como exemplo a narrativa da "ameaça comunista" — frequentemente utilizada pelo bolsonarismo — e seu impacto no eleitorado brasileiro.
— Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo. O 1% que sabe, sabe que não existe mais comunismo. A China é comunista, mas é mais capitalista do que nós. O Putin é o rei do comunismo? (Quando) você fala em comunismo, principalmente pessoas mais velhas, é um negócio... (Quando perguntadas) por que são contra tal coisa, (respondem): "Porque vão instalar o comunismo no Brasil" — disse.
— Recentemente, o Brasil sofreu ataques à democracia. Não só o Brasil. A fórmula de ataque à democracia, que surgiu na extrema direita norte-americana, e foi aplicada primeiro na Hungria, Polônia, Turquia... Uma tentativa na Itália, na Espanha, em outros países na América Latina e no Brasil — enumerou Moraes, antes de prosseguir:
— E as instituições brasileiras souberam responder. Tivemos eleições, tivemos posse, tivemos o dia 8 (de janeiro) e estamos aqui no dia 6 de outubro na democracia e no Estado de Direito graças ao fortalecimento institucional que foi realizado em 5 de outubro e esse crescimento institucional de órgãos de Estado, órgãos de governo.
Fonte: O GLOBO
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