Comando Militar do Sudeste mantém soldados aquartelados enquanto faz as investigações
Militares do Arsenal de Guerra do Exército identificaram o sumiço de 21 metralhadoras do estoque do batalhão, localizado em Barueri, na Grande São Paulo, na última terça-feira (10). Eram 13 metralhadoras calibre.50, do tipo antiaérea, e oito calibre 7,62. O caso gerou a abertura de um Inquérito Policial Militar, conduzido pelo próprio Exército. A tese inicial de que havia um erro de contagem das armas foi descartada, e as autoridades seguem as investigações apostando nas hipóteses de furto ou extravio.
Segundo o Comando Militar do Sudeste, a contagem das armas, não periódica, é realizada apenas quando algum militar precisa pegar o armamento para manutenção ou transporte. A norma interna diz que, após abrir o espaço em que as armas ficam guardadas, o soldado precisa fazer uma contagem do armamento e registrar o número em arquivos do Arsenal de Guerra. Assim se deu a descoberta da baixa no número de armas.
Ainda segundo o Comando Militar, as metralhadoras eram “inservíveis” e “estavam no Arsenal, que é uma unidade técnica de manutenção, responsável também para iniciar o processo desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.
Investigações
Desde o furto, pelo menos 480 militares estão sendo mantidos aquartelados. De acordo com o CMSE, que investiga o caso em parceria com a Polícia Civil. Isso faz parte do procedimento de averiguação no âmbito do procedimento administrativo do Exército que apura o ocorrido, e o objetivo é colher depoimentos dos soldados.
Apesar de toda a tropa da base de Barueri estar reclusa, o Exército não trata a medida como uma prisão. E informou que ela é necessária para tentar localizar e recuperar o armamento — o caso não é tratado oficialmente como roubo ou furto na nota emitida na sexta-feira pelo Exército.
No X, antigo Twitter, o secretário de Segurança Pública do Estado de SP, Guilherme Derrite, afirmou, em suas palavras, que não medirá esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população.
No caso do furto das armas de Barueri há suspeitas da participação de militares, conforme a apuração feita pelo portal de notícias G1. Em nota, o Comando Militar do Sudeste afirmou estar apoiando todas as ações de investigação do caso, que segue sob sigilo. "Temos total interesse em informar e enviaremos as atualizações do caso quando for oportuno", finalizou.
Até a última atualização desta reportagem, nenhum suspeito foi identificado ou preso. E nenhuma das metralhadoras havia sido recuperada. Ainda não há confirmação se criminosos entraram na base e se alguma câmera gravou o desaparecimento das armas.
Aquartelamento
De acordo com o jornal Metrópoles, familiares dos militares relataram dificuldade para conseguir informações sobre os parentes aquartelados. Os celulares de todos foram apreendidos, pois o sigilo não pode ser quebrado.
“A verdade é que eles [militares] não podem falar muita coisa, não podem dar detalhes de nada. O meu marido informou que lá dentro estão todos bem, mas que não há nenhuma previsão de quando irão poder sair”, disse uma mulher, que teve a identidade preservada.
Outros familiares chegaram a levar itens alimentícios solicitados por um dos soldados. A entrega dos alimentos foi aceita, mas, a partir disso, foi proibido o contato entre os aquartelados e o familiar via celular. Na tarde de domingo, parentes foram autorizados a visitar, levar alimentos e roupas aos retidos.
Armamento
Segundo o Exército Brasileiro, a metralhadora .50 tem um alcance máximo de 6,9 mil metros e uma ampla gama de aplicações, podendo ser utilizada montada em viaturas, embarcações ou aeronaves.
Já o fuzil automático leve (FAL) de calibre 7,62, com alcance de 2,5 mil metros, é adotado pelo Exército como armamento padrão de combate desde a década de 1960. A partir de 2017, teve início uma substituição gradual do FAL por um armamento de calibre 5,56 mm. Ambas as armas têm poder de fogo antiaéreo.
Este tipo de metralhadora pode disparar 600 tiros por minuto e atingir um alvo a mais de 3 quilômetros de distância. Quando é desviada, ela costuma ser usada por criminosos especializados em roubar carros-fortes em rodovias, por exemplo. Essas ações são nomeadas de "Novo Cangaço" pelas autoridades de segurança. Os bandidos invadem cidades armados com metralhadoras .50 apoiadas em tripés sobre caminhonetes para roubar bancos. O estado de São Paulo já registrou casos assim no último ano.
Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz mostrou que esse foi o maior desvio de armas de uma base do Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados por criminosos de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Naquela ocasião, a polícia paulista recuperou todas as armas e prendeu suspeitos pelo crime, entre eles um militar.
*Estagiaria sob a orientação de Aline Ribeiro
Fonte: O GLOBO
Militares do Arsenal de Guerra do Exército identificaram o sumiço de 21 metralhadoras do estoque do batalhão, localizado em Barueri, na Grande São Paulo, na última terça-feira (10). Eram 13 metralhadoras calibre.50, do tipo antiaérea, e oito calibre 7,62. O caso gerou a abertura de um Inquérito Policial Militar, conduzido pelo próprio Exército. A tese inicial de que havia um erro de contagem das armas foi descartada, e as autoridades seguem as investigações apostando nas hipóteses de furto ou extravio.
Segundo o Comando Militar do Sudeste, a contagem das armas, não periódica, é realizada apenas quando algum militar precisa pegar o armamento para manutenção ou transporte. A norma interna diz que, após abrir o espaço em que as armas ficam guardadas, o soldado precisa fazer uma contagem do armamento e registrar o número em arquivos do Arsenal de Guerra. Assim se deu a descoberta da baixa no número de armas.
Ainda segundo o Comando Militar, as metralhadoras eram “inservíveis” e “estavam no Arsenal, que é uma unidade técnica de manutenção, responsável também para iniciar o processo desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.
Investigações
Desde o furto, pelo menos 480 militares estão sendo mantidos aquartelados. De acordo com o CMSE, que investiga o caso em parceria com a Polícia Civil. Isso faz parte do procedimento de averiguação no âmbito do procedimento administrativo do Exército que apura o ocorrido, e o objetivo é colher depoimentos dos soldados.
Apesar de toda a tropa da base de Barueri estar reclusa, o Exército não trata a medida como uma prisão. E informou que ela é necessária para tentar localizar e recuperar o armamento — o caso não é tratado oficialmente como roubo ou furto na nota emitida na sexta-feira pelo Exército.
No X, antigo Twitter, o secretário de Segurança Pública do Estado de SP, Guilherme Derrite, afirmou, em suas palavras, que não medirá esforços para auxiliar nas buscas do armamento e evitar as consequências catastróficas que isso pode gerar a favor do crime e contra segurança da população.
No caso do furto das armas de Barueri há suspeitas da participação de militares, conforme a apuração feita pelo portal de notícias G1. Em nota, o Comando Militar do Sudeste afirmou estar apoiando todas as ações de investigação do caso, que segue sob sigilo. "Temos total interesse em informar e enviaremos as atualizações do caso quando for oportuno", finalizou.
Até a última atualização desta reportagem, nenhum suspeito foi identificado ou preso. E nenhuma das metralhadoras havia sido recuperada. Ainda não há confirmação se criminosos entraram na base e se alguma câmera gravou o desaparecimento das armas.
Aquartelamento
De acordo com o jornal Metrópoles, familiares dos militares relataram dificuldade para conseguir informações sobre os parentes aquartelados. Os celulares de todos foram apreendidos, pois o sigilo não pode ser quebrado.
“A verdade é que eles [militares] não podem falar muita coisa, não podem dar detalhes de nada. O meu marido informou que lá dentro estão todos bem, mas que não há nenhuma previsão de quando irão poder sair”, disse uma mulher, que teve a identidade preservada.
Outros familiares chegaram a levar itens alimentícios solicitados por um dos soldados. A entrega dos alimentos foi aceita, mas, a partir disso, foi proibido o contato entre os aquartelados e o familiar via celular. Na tarde de domingo, parentes foram autorizados a visitar, levar alimentos e roupas aos retidos.
Armamento
Segundo o Exército Brasileiro, a metralhadora .50 tem um alcance máximo de 6,9 mil metros e uma ampla gama de aplicações, podendo ser utilizada montada em viaturas, embarcações ou aeronaves.
Já o fuzil automático leve (FAL) de calibre 7,62, com alcance de 2,5 mil metros, é adotado pelo Exército como armamento padrão de combate desde a década de 1960. A partir de 2017, teve início uma substituição gradual do FAL por um armamento de calibre 5,56 mm. Ambas as armas têm poder de fogo antiaéreo.
Este tipo de metralhadora pode disparar 600 tiros por minuto e atingir um alvo a mais de 3 quilômetros de distância. Quando é desviada, ela costuma ser usada por criminosos especializados em roubar carros-fortes em rodovias, por exemplo. Essas ações são nomeadas de "Novo Cangaço" pelas autoridades de segurança. Os bandidos invadem cidades armados com metralhadoras .50 apoiadas em tripés sobre caminhonetes para roubar bancos. O estado de São Paulo já registrou casos assim no último ano.
Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz mostrou que esse foi o maior desvio de armas de uma base do Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados por criminosos de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Naquela ocasião, a polícia paulista recuperou todas as armas e prendeu suspeitos pelo crime, entre eles um militar.
*Estagiaria sob a orientação de Aline Ribeiro
Fonte: O GLOBO
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