Porto Velho, Rondônia - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro ouve nesta quinta-feira (14) o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP). Ele será questionado pela atuação no comando das tropas no monitoramento do acampamento de manifestante que questionavam o resultado das eleições em frente ao quartel-general do Exército.
Dutra é suspeito de ter barrado o desmonte da mobilização
depois dos atos extremistas do 8 de Janeiro. Em depoimento à CPI na Câmara
Legislativa, Dutra disse que o Exército sempre teve a intenção de
"desmotivar" o acampamento, mas que ele não era ilegal.
"Nunca trataram o acampamento como ilegal. Trataram as
ilegalidades que, porventura, ocorreram no acampamento, e essas ilegalidades
foram combatidas constantemente", ressaltou o general. Segundo Dutra, as
ilegalidades eram furto de energia elétrica e água e comércio ilegal. Ele
afirmou ainda que, se não tivesse acontecido o 8 de Janeiro, a manifestação
acabaria "naturalmente" na semana do dia 9.
No entanto, um informe da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) revela que o Exército organizou um esquema especial de trânsito com o
objetivo de "garantir maior fluidez" aos ônibus de caravanas com
apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que chegavam a Brasília rumo ao
acampamento montado em frente ao quartel-general (QG).
A mensagem foi enviada dois dias antes da invasão das sedes
dos Três Poderes, justamente quando houve uma intensificação no número de
manifestantes para participaram dos protestos organizados pelas redes sociais.
"Todos os acessos à Av. do Exército estão bloqueados.
Perguntados sobre o motivo, militares responsáveis pelo balizamento de trânsito
em dois pontos de acessos distintos deram a mesma resposta: a restrição
destina-se a garantir maior fluidez aos ônibus de caravanas que estariam para
chegar no QGEx", diz o informe.
O R7 teve acesso à mensagem, que foi enviada pelo
ex-secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin) Leonardo Singer ao então diretor-adjunto da agência Saulo Cunha. A
informação é referente a um levantamento das 14h45 do dia 6 de janeiro e,
naquele momento, a percepção era a de que ainda não havia um aumento no número
de pessoas acampadas. "Contudo, foram observados manifestantes chegando ao
acampamento trazendo água e comida", completa.
Também à CPI distrital, o ex-ministro da Justiça e
ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres afirmou que "a
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal por mais de duas vezes
tentou tirar aqueles manifestantes e contou com a negativa do Exército".
"O Exército nunca permitiu que se tomasse alguma medida em relação àquelas
pessoas enquanto elas estavam ali acampadas", disse, em 10 de agosto.
Questionado sobre o informe trocado entre os ex-Abin, o
Centro de Comunicação Social do Exército informou "que aguarda as
apurações de todos os fatos pelas autoridades competentes" e que "não
se manifesta sobre processos investigativos conduzidos por outros órgãos".
Fonte – R7
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