Para brasileiro, que acaba de se sagrar bicampeão mundial, o local é perigoso para quem não tem experiência

O brasileiro Filipe Toledo, o Filipinho, ainda "com a adrenalina alta", após a conquista do bicampeonato mundial, contou em encontro virtual com a imprensa brasileira, que se sente bem no Taiti, onde acontecerão dos Jogos Olímpicos de 2024, mas não sabe se o local seria apropriado para a disputa.

Filipinho, líder do ranking mundial, já garantiu vaga nos Jogos de Paris-2024. O surfe será disputado em Teahupoo, no Taiti, parte da Polinésia Francesa. Ele disse que é possível que ele faça novos campings de treinamento com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) para "se especializar no swell" e que a estrutura brasileira para a modalidade estará incrível.

— Eu amo o Taiti, é incrível, mas se é o melhor local para fazer as Olimpíadas, eu não sei. Porque não terão apenas os Estados Unidos, Brasil e a Austrália... tem gente que não tem onda para surfar. No Isa (em El Salvador, com vários surfistas iniciantes), agora, tinha gente que estava indo reto e de lado. Eu acho meio perigoso. Mas é uma decisão da organização e segue o plano.

Ele se refere às ondas pesadas, tubulares e perfeitas de Teahupoo, no Taiti, que são o sonho de qualquer surfista. Mas o local é também conhecido pela temida bancada de corais. Quando entra o "swell", formam-se verdadeiras "bombas" sobre o recife, a menos de 1 metro de profundidade.

No último sábado, ele ampliou a hegemonia mundial do surfe brasileiro ao vencer o WSL Finals, em Trestles, na Califórnia. Com este resultado, o bicampeão Filipinho se tornou o segundo brasileiro na história a somar mais de um título mundial. Antes, apenas Gabriel Medina, tricampeão, detinha o feito.

— Igualar o número de vitórias do Gabriel nunca foi uma coisa na minha mente, meu negócio é surfar e ser feliz. O que vier é lucro — disse Filipinho, que comentou sobre a hegemonia brasileira na modalidade — Difícil falar o que os brasileiros têm que os outros não têm. 

Não posso falar que eles não têm garra e determinação, só que é de um jetino diferente. Para a gente sempre foi mais difícil, em termos de oportunidades, e quando a oportunidade chega, não deixamos escapar. Acho que esta é a grande diferença.

Ele disse ainda que neste domingo, um dia após a conquista, foi de descanso e que a "ficha está caindo aos poucos". Ele falou que a partir de segunda-feira sentará com sua equipe para fechar os próximos planos, ainda de 2023.

Filipinho chegou a sua décima quinta vitória no circuito mundial, desde que estreou em 2013. Neste ano, além da etapa de Jeffreys Bay, o brasileiro já conseguiu vencer em Sunset, no Havaí, e em Punta Roca, em El Salvador.

Após a conquista do título, ele chegou a dizer que estava mais nervoso do que no ano anterior, quando também sagrou-se campeão. E que teve "pensamentos ruins".

— Foram quase dois meses de muita dedicação depois Jeffreys Bay, treino surfe e fisio para chegar bem em WSL Finals e competir. Esses pensamentos ruins foi mais pela insegurança, a história que poderia ser escrita, dois títulos seguidos. A mente tenta te manipular e te levar para o lado mais fraco. Tive esses pensamentos mas graças à família, minha esposa, fiquei tranquilo, consegui deixar isso de lado e entrar no modo competição.


Fonte: O GLOBO