Após três anos e meio à frente da Avon no Brasil, Daniel Silveira está assumindo a vice-presidência de marca, marketing e inovação em toda a América Latina. Segundo o veterano com quase 25 anos de Natura, a missão é implementar o que chama de “segunda fase do renascimento da Avon” — leia-se, acelerar o crescimento no resto da região, que vinha sendo considerado um ponto fraco por investidores.

— O renascimento da marca Avon aconteceu no Brasil, mas a expressão da marca na América Latina vai mudar de patamar. É uma nova fase desse processo — diz o executivo, em sua primeira entrevista no novo cargo.

Um dos primeiros projetos dessa transição virá em novembro, com a inauguração do Centro de Inovação da Avon em Cajamar (SP), ao lado dos laboratórios da própria Natura. As instalações ficam hoje perto de Nova York, mas serão gradualmente fechadas ao longo dos próximos meses. (Os EUA já não eram foco das operações da Avon desde antes de a Natura comprar o negócio.)

— Já tínhamos anunciado que traríamos parte do centro, mas decidimos agora trazê-lo todo pra cá. Do ponto de vista de negócio, o Brasil é nosso maior mercado e, do ponto de vista de diversidade de peles e clima, é talvez o lugar mais fértil para esse tipo de pesquisa. Assim, a América Latina se torna um polo global de desenvolvimento para a marca— afirma.

De acordo com ele, a demanda do público por diversidade justifica a escolha e vai ajudar a construir “uma Avon mais moderna”.

Serão 40 profissionais de P&D dedicados a categorias como cuidados para o corpo, para o rosto e maquiagem. A expectativa é que, já no ano que vem, patentes saiam do centro. (Nos EUA, em 20 anos, foram mil patentes e 292 fórmulas de produtos.)

Embora lado a lado, os centros de P&D de Natura e Avon permanecerão operando de maneira independente, segundo Silveira.

— O objetivo é transformar inovação em produto democrático — diz o executivo.

Com a promoção de Daniel Silveira, o cargo de presidente da Avon no Brasil deixa de existir. Suas atribuições ficarão agora sob responsabilidade de Agenor Leão, que era vice-presidente de Negócios da Natura Brasil e agora será vice-presidente de Negócios Brasil.

A Natura comprou a Avon em 2019, criando o quarto maior grupo de beleza do mundo e avaliando a centenária marca americana em US$ 2 bilhões.


Fonte: O GLOBO