Equipe de Francisco Arce precisa se recuperar de desvantagem de dois gols, e aposta em bolas aéreas, no retorno de jogadores importantes e no fator casa

Na noite de amanhã, a partir das 21h30, Fluminense e Olimpia fazem os 90 minutos finais do confronto das quartas de final da Libertadores. No estádio Defensores Del Chaco, em Assunção, o time de Fernando Diniz buscará sustentar a vantagem de 2 a 0 construída no Maracanã, e curar os traumas de duas eliminações para a equipe paraguaia na competição.

Do outro lado, estará um tricampeão da América que busca uma nova virada nesta temporada. Nas oitavas, o Decano — como é conhecido o Olimpia — conseguiu avançar após reverter a vantagem do atual campeão Flamengo. O time comandado por Francisco Arce, ídolo de Palmeiras e Grêmio, aposta em bolas aéreas, no retorno de peças importantes e na festa de sua torcida para seguir vivo.

Vitória no último jogo

No domingo passado, o Olimpia entrou em campo com um time reserva e venceu o Sportivo Luqueño por 1 a 0, pelo Campeonato Paraguaio. O gol foi marcado por Manuel Romero, que não jogou contra o Fluminense no Maracanã.

Dos atletas que foram titulares no Rio, atuaram apenas o goleiro Juan Espínola, o defensor Facundo Zabala e o atacante Hugo Fernández. Outros jogadores que estiveram na partida foram o defensor Víctor Salazar, os meias Marcos Gómez, Hugo Quintana e Derlis González, e o atacante Guillermo Paiva.

Campanha recente do Olimpia

Após momento turbulento na temporada, que culminou com a saída do treinador Diego Aguirre — atualmente no Santos — e a chegada de Arce, o Olimpia só perdeu um dos últimos sete jogos, justamente na semana passada para o Fluminense.

Há cinco jogos invicto no campeonato nacional — duas vitórias e três empates —, ocupa a 8ª colocação do Clausura, oito pontos atrás do líder Libertad. Nesse meio tempo, conseguiu a classificação contra o Flamengo na Libertadores, conseguindo grande virada por 3 a 1 em casa, após perder por 1 a 0 no Brasil.

O que sabe sobre a estratégia do Olimpia de Arce?

Para conseguir mais uma reviravolta na competição, o Olimpia não traçará um plano muito diferente do que fez contra o rubro-negro. No Maracanã, já repetiu a estratégia de se fechar e apostar em contra-ataques.

— Francisco Arce terá uma proposta semelhante à partida contra o Flamengo, sendo menos cauteloso e defensivo do que na partida contra o Fluminense. Durante os primeiros minutos da partida, buscará abafar o Flu, para fazer um gol e poder gerenciar melhor o jogo — contou ao GLOBO o jornalista paraguaio Alvaro Aponte, da Nación Media.

Francisco Arce, treinador do Olimpia — Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Se o Fluminense tem um gol a mais de vantagem baseado no jogo de ida, há de se considerar que Bruno Henrique havia aberto o placar para o Flamengo no Paraguai. Portanto, o clube também teve que remar atrás dos dois gols de desvantagem.

Os três gols marcados em Assunção nas oitavas foram através de jogadas aéreas, cabeceadas por Iván Torres, Richard Ortiz e Facundo Bruera. Este é outro caminho que deverá continuar sendo buscado.

— Mais de 50% dos gols da era Francisco Arce no Olimpia foram em jogadas aéreas. Sem dúvida, ele fortaleceu essa fórmula, tanto pela qualidade de lançamento de Zabala, Silva e Fernández, quanto pelas cabeçadas — analisou Aponte.

De olho em Ortiz e Derlis

A equipe titular foi definida no treino de ontem à tarde, e terá o retorno do capitão Ortiz. O mesmo sentiu um incômodo no adutor dois dias antes da partida de ida e voltou a sentir o problema no aquecimento. Para se preservar, precisou ser substituído por Juan Barreto. Agora, ele está recuperado do desconforto.

Uma outra peça importante que o tricolor deve ficar de olho é o meia Derlis González. Após meses machucado, o camisa 10 do Olimpia — que já jogou no Santos — voltou a estar à disposição. Ele jogou nove minutos no Maracanã, e mais 22 contra o Luqueño. Independente da forma física, ele é uma das grandes referências do elenco do Decano.

— Antes da lesão, era o melhor jogador do Olimpia e, provavelmente, do futebol paraguaio. Ainda que lhe falte ritmo, sem dúvida, as pessoas do clube estão motivadas com sua volta aos campos — observou Alvaro Aponte.

Haverá festa da torcida do Olimpia após a multa da Conmebol?

Após a enorme festa que a torcida paraguaia fez na partida contra o Flamengo, com direito a mosaico e intenso foguetório, a Conmebol multou o clube em 180 mil dólares (R$ 889 mil na cotação atual) e lhe deu uma advertência. O clima hostil no Defensores Del Chaco foi um dos fatores que pesou no fator psicológico.

Os torcedores do Olimpia estão planejando mais uma grande recepção para o jogo de amanhã, algo à altura das quartas de final da Libertadores. No entanto, para evitar qualquer nova sanção, esta festa deve estar dentro dos padrões impostos pela entidade sul-americana.

Torcida do Olimpia antes da partida contra o Flamengo, pela Libertadores — Foto: NORBERTO DUARTE / AFP

Histórico contra o Fluminense pesa?

Esta é a terceira vez que as duas equipes se enfrentam em uma fase eliminatória da principal competição da América. Nas oitavas de final da edição de 2013, e na terceira fase prévia da temporada passada, melhor para o time paraguaio.

Em 2022, após vitória por 3 a 1 no Rio de Janeiro, que parecia ter encaminhado a vaga do Fluminense na fase de grupos, um revés por 2 a 0 na volta, seguido da derrota nos pênaltis, encerrou o sonho tricolor.

— Sem dúvida, esses dois confrontos pesam. Richard Ortiz e Alejandro Silva, dois jogadores com muita experiência, estiveram tanto em 2013 quanto em 2022 — recordou Aponte. — Por isso, são os encarregados de transferir essa hierarquia para o elenco.

O Fluminense pode perder por até um gol de diferença que avançará às semifinais. Caso perca por dois gols, haverá penalidades. Uma vitória do Olimpia por margem superior levará os paraguaios à próxima fase.


Fonte: O GLOBO