Apesar da história vitoriosa dos dois tenistas ser recente, o sucesso de brasileiros nas duplas acontece há anos.
No feminino, Maria Esther Bueno venceu pela primeira vez na Inglaterra ao lado de Althea Gibson. No masculino, Marcelo Melo foi o único brasileiro a atingir o Nº1 no ranking de duplas. Mas, afinal, qual é o motivo dos brasileiros serem tão vitoriosos na categoria?
Em entrevista ao R7, Marcelo Melo explica que existem diferenças entre o jogo simples e o de duplas. Além do principal aspecto, que é o fato do jogo de duplas contar com dois tenistas em quadra, o mineiro de 39 anos explica que é preciso criar um entrosamento com o companheiro.
"Você tem que saber jogar junto com seu parceiro, fazer as jogadas para que ambos possam complementar um ao outro. Isso já é bem diferente do simples, onde você acaba fazendo tudo sozinho mesmo", comenta o tenista que também reforça que, atualmente, as duplas estão mais técnicas, se comparadas às de outras décadas.
Apesar de gostar de jogar em duplas desde pequeno, o alteta decidiu se dedicar na categoria quando tinha 25 anos. Após conseguir uma sequência de bons resultados com André Sá, ele alcançou uma alta classificação no ranking de duplas, o que o permitiu competir em torneios maiores.
O sucesso continuou. Em 2007, os brasileiros alcançaram a semifinal em Wimbledon e, no mesmo ano, as quartas de final no Aberto dos Estados Unidos. O caminho continuou a ser percorrido e Marcelo Melo atingiu o Nº1 no ranking de duplas em 2015, o que o tornou o primeiro e único brasileiro a conquistar o feito.
"A sensação [de ser o Nº1 do mundo] é praticamente inexplicável. A gente sonha um dia em ser profissional, no outro dia em ser campeão de Grand Slam, mas realmente quando você chega a número um do mundo, é difícil descrever", conta Melo.
O tenista acredita que alcançou o topo do mundo por conta da parceria de sua dupla e que, para ele, é gratificante erguer os troféus ao lado do companheiro de quadra, porque um depende do outro para vencer.
"Aquela pessoa [dupla] te levou a conquistar o seu sonho, ele passa de um jogador a seu amigo. Isso acaba influenciando muito nos resultados", destaca.
Além do entrosamento, Edu Faria, preparador físico de tênis e responsável pela preparação do Brasil na Copa Davis, detalha ao R7 que o treino das duplas é diferenciado. Como as demandas energéticas são diferentes entre os dois estilos, os tenistas devem se dedicar em diversos aspectos.
"No jogo de duplas, os jogadores cobrem um espaço setorizado da quadra. É necessário o desenvolvimento harmonioso das capacidades motoras, a antecipação, a velocidade de reação, a agilidade, a força, a potência nos movimentos. O jogo de dupla é um jogo rápido, estratégico, empolgante", explica.
Nos dias 3 e 4 de fevereiro de 2023, o Time Brasil encarou o Time China nos playoffs da Copa Davis e superou o adversário pro 4 a 0. Apesar do confronto duro contra os chineses, o preparador físico destaca o bom momento do tênis brasileiro, que é reflexo do trabalho da CBT.
A Confederação Brasileira de Tênis apoia os jogadores, capacita professores e cria parcerias no exterior, na França e nos Estados Unidos, para dar oportunidade aos novos atletas. Com a sequência de bons resultados de brasileiros nas duplas, cada vez mais os investidores têm acreditado no desenvolvimento do esporte.
Faria ressalta que a premiação dos jogos de duplas passaram a ficar mais atrativas, o que fez muitos jogadores migrarem do simples para as duplas.
"O sucesso de jogadores como Marcelo Melo e Bruno Soares, a medalha olímpica da Laura Pigossi e Luisa Stefani, e o recente título na Austrália da dupla mista Rafael Matos e Luisa Stefani, são fortes indícios de que uma nova geração de jogadores jovens estão se aventurando nessa atrativa modalidade", comenta.
Em 2023, Marcelo Melo chega a sua 17ª temporada no profissional. Ele se sente motivado para o ano, principalmente após vencer o ATP de Tóquio, no fim de 2022, ao lado de Mackenzie McDonald.
"Eu ainda acredito que posso fazer resultados grandes. Como um campeão de Grand Slam, voltar a ser Nº1 do mundo. Eu preciso continuar treinando firme que os resultados virão. Quem sabe este ano seja um retorno aos títulos grandes e ao topo do ranking novamente", projeta o mineiro, que mira o top-10 e o Nº1 ao fim da temporada.
Marcelo Melo, ao lado de Juan Sebastian Cabal (COL), e Rafael Matos, com David Vega Hernandez (ESP), disputarão o Rio Open, torneio masculino de ATP do Rio de Janeiro da categoria 500. A competição acontece de 18 a 26 de fevereiro.
Confira os nomes brasileiros que conquistaram títulos de Grand Slam nas duplas
Aberto da Austrália
2023 - Rafael Matos e Luisa Stefani: duplas mistas
2016 - Bruno Soares e Jamie Murray (escocês): duplas masculinas
2016 - Bruno Soares e Elena Vesnina (russa): duplas mistas
1960 - Maria Esther Bueno e Christine Truman (inglesa): duplas femininas
Roland Garros
2019 - Matheus Pucinelli e Thiago Agustín (argentino): duplas masculinas do juvenil
2015 - Marcelo Melo e Ivan Dodig (croata): duplas masculinas
1994 - Gustavo Kuerten e Nicolás Lapentti (equatoriano): duplas masculinas
1975 - Thomaz Koch e Fiorella Bonicelli (uruguaia): duplas mistas
1960 - Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas
1960 - Maria Esther Bueno e Robert Howe (australiano): duplas mistas
Wimbledon
2017 - Marcelo Melo e Łukasz Kubot (polonês): duplas masculinas
2014 - Orlando Luz e Marcelo Zormann: duplas masculinas do juvenil
1966 - Maria Esther Bueno e Nancy Richey (americana): duplas femininas
1965 - Maria Esther Bueno e Billie Jean King (americana): duplas femininas
1963 - Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas
1960 - Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas
1958 - Maria Esther Bueno e Althea Gibson (americana): duplas femininas
Aberto dos Estados Unidos
2020 - Bruno Soares e Mate Pavić (croata): duplas masculinas
2016 - Bruno Soares e Jamie Murray (escocês): duplas masculinas
2016 - Felipe Meligeni e Juan Carlos Aguilar (boliviano): duplas masculinas do juvenil
2014 - Bruno Soares e Sania Mirza (indiana): duplas mistas
2012 - Bruno Soares e Ekaterina Makarova (russa): duplas mistas
1968 - Maria Esther Bueno e Margaret Court (australiana): duplas femininas
1966 - Maria Esther Bueno e Nancy Richey Gunter (americana): duplas femininas
1962 - Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas
1960 - Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas
Fonte – R7
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