Ideia do entorno do presidente é usar primeira-dama para diminuir rejeição do chefe do Executivo no eleitorado feminino

Porto Velho, RO - A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se filiou ao PL nesta semana. A mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL) ingressou no partido para intensificar sua participação nas eleições deste ano e ajudar o marido a diminuir a rejeição junto ao eleitorado feminino.

Ela não disputará nenhum cargo, mas deverá cumprir uma agenda específica para auxiliar o chefe do Executivo durante a campanha.

Assim, Michelle segue o mesmo caminho do mandatário, que se filiou à sigla em novembro do ano passado. O PL é um dos principais partidos do centrão e é presidido pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, que era aliado do PT e chegou a ser preso e condenado no escândalo do mensalão.

Recentemente, a primeira-dama teve ampla exposição pública ao fazer um pronunciamento em cadeia nacional de TV e rádio em comemoração ao dia das mães, no último dia 8. No dia seguinte, o PT apresentou uma ação contra Michelle ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por propaganda eleitoral antecipada.

A avaliação do núcleo que define a estratégia eleitoral de Bolsonaro é a de que Michelle é carismática e pode ajudar a humanizar a imagem do chefe do Executivo, que conta com a rejeição de 61% das mulheres, segundo pesquisa do Datafolha.

De acordo com o mesmo levantamento, 55% da população feminina avalia o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo. Além da primeira-dama, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ambos filhos do presidente, também se filiaram ao PL recentemente.

Ativa nas redes sociais, Michelle tem tido papel discreto no governo, mas atua em projetos de caridade e é militante da causa de doenças raras.

O objetivo é aproveitar o potencial dela tanto em viagens ao lado do mandatário como nas propagandas partidárias que serão exibidas.



Primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, falando em Libras durante o lançamento do Canal Educação e Canal de Libras Antonio Molina - 26.abr.22/FolhapressMAIS

Antes mesmo de se filiar, Michelle já estava ajudando na ida de outras mulheres para o partido do clã Bolsonaro. No início de março, por exemplo, ela foi à filiação de Ana Amália Barros, influenciadora digital e ativista dos direitos de monoculares. Amália será candidata a deputada federal em Mato Grosso.

Evangélica da Igreja Batista Atitude de Brasília, a primeira-dama também acompanhou com entusiasmo a indicação e aprovação de André Mendonça para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

No ano passado, após ter o nome chancelado pelos senadores, a imagem de comemoração de Michelle, falando "a língua dos anjos", acompanhada pelo ministro, sua família e parlamentares, causou frisson nas redes sociais.

Integrantes do governo saíram em sua defesa contra o que chamaram de intolerância religiosa. A primeira-dama, segundo relatos, foi essencial para garantir que o presidente não cedesse às pressões, inclusive de aliados mais próximos, e mantivesse a indicação de Mendonça à vaga.

Fonte: Folha de São Paulo