Segundo Alda, uma das filhas do ator, a ideia é contar a história dele do ponto de vista familiar

Porto Velho, RO - A família do ator Milton Gonçalves está juntando material para um documentário sobre a vida do ator, que morreu na última segunda-feira, aos 88 anos. Segundo Alda, uma das filhas, esse processo começou quando ele ainda estava vivo, o que o deixou bastante feliz.

A ideia é contar a história de Milton sob a perspectiva da família.

— Vai ser um filme do ponto de vista familiar, mostrando o pai e marido amoroso que foi. Esperamos lançar em breve — disse Alda, durante o velório do pai, que aconteceu nesta terça-feira, no Theatro Municipal do Rio.

Vanguardista

Um dos pioneiros atores negros da TV brasileira, Milton Gonçalves começou a carreira em São Paulo. Ele trabalhava como gráfico quando, após de assistir à peça "A mão do macaco", decidiu entrar para um clube de teatro amador. Logo, seus caminhos cruzaram com os do diretor carioca Augusto Boal, que procurava um ator para fazer um preto velho na peça “Ratos e homens”, no Teatro de Arena de São Paulo. Lá, Milton encontrou atores como Gianfrancesco Guarnieri e Flavio Migliaccio, além do dramaturgo Oduvaldo Viana Filho, que foram decisivos para a sua formação como ator.

Militante do movimento negro, Milton Gonçalves participou do Teatro Experimental do Negro, candidatou-se a governador do estado do Rio de Janeiro em 1994 pelo PMDB (experiência que o ajudou a compor o personagem Romildo Rossi, um político corrupto, na novela “A favorita”, de 2008) e foi o primeiro brasileiro a apresentar uma categoria na cerimônia de premiação do Emmy Internacional em 2006, ao lado da atriz americana Susan Sarandon para anunciar o vencedor de melhor programa infanto-juvenil.

Milton estreou na TV na Tupi, fazendo participação em “O vigilante rodoviário” e participou da fundação da TV Globo, em 1965. Lá, junto com Célia Biar e Milton Carneiro, formou o primeiro elenco de atores da emissora, a convite do ator e diretor Otávio Graça Mello, de quem fora companheiro de set no filme “Grande Sertão”, dos irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira.

“Não tinha inaugurado nada ainda. Os três estúdios e o auditório pareciam para mim os estúdios da Universal. O primeiro salário foi 500 cruzeiros. E eu fiquei feliz”, recordou-se ele ao Memória Globo.

Na Globo, Milton Gonçalves fez mais de 40 novelas, atuou em programas humorísticos e minisséries. No cinema, o ator estreou em 1958, no filme “O grande momento”, de Roberto Santos, e seguiu por obras como “Cidade ameaçada”, “Cinco vezes favela”, “Grande sertão Paraíba” e “O homem que comprou o mundo”.

Fonte: O Globo