De todos os títulos indicados à categoria de Melhor Filme, apenas um foi aplaudido de pé; veja a lista

Porto Velho, RO - O Oscar é logo ali, no domingo (27), e o Bonequinho já tem suas apostas para a cerimônia mais importante da indústria cinematográfica. De todos os títulos indicados à categoria de Melhor Filme, apenas um foi aplaudido de pé pelos críticos do GLOBO. O Bonequinho também não foi embora e não dormiu em nenhum longa listado pela academia para a premiação. Mas alguns tiveram avaliações não tão elogiosas.

Relembra as críticas do GLOBO dos longas indicados ao Oscar na categoria Melhor Filme:

Bonequinho aplaude de pé
'Não olhe para cima'

Único filme aplaudido de pé da lista. Para o crítico Ruy Gardnier, a "estupidez contemporânea" é o tema que rege o longa de Adam McKay, que tem Leonardo DiCaprio, Meryl Streep, Jennifer Lawrence e Jonan Hill no elenco. "Não olhe para cima” é uma sátira sobre nossa reação diante do colapso climático vindouro. É basicamente sobre os EUA, mas isso não impede que tracemos diversos paralelos com outros países e outras crises, no caso Brasil e Covid-19: a infantilização dos meios de comunicação é a mesma e o poder do negacionismo é igual", avaliou o crítico. Leia a crítica completa aqui.

Bonequinho aplaude sentado
'Amor, sublime amor'

O musical refilmado por Steven Spielberg recebeu elogios de André Miranda em crítica publicada no dia 9 de dezembro do ano passado. Para Miranda, a produção de Spielberg é aceno ao velho cinema: "a história, sobre um amor desperto no meio de uma disputa entre grupos rivais de jovens na Nova York dos anos 1950, é apoiada por um ar vintage.

Planos, coreografias, cenários e direção de arte, tudo ali aponta para um velho cinema", escreveu o crítico, sem deixar de apontar diferenças cruciais para o primeiro filme de 1961, de Jerome Robbins e Robert Wise, que inclusive faturou o Oscar de Melhor Filme: "Logo na primeira sequência, as diferenças para a versão de 1961 ficam evidentes: os Jets começam a pichar uma bandeira de Porto Rico pintada no muro de uma quadra e desencadeiam a briga generalizada com os Sharks. Na produção original, essas referências eram bem mais discretas". Leia a crítica completa aqui.

'Ataque dos cães'

"Direção impecável". Foi assim que o crítico Daniel Schenker se referiu ao trabalho de Jane campion à frente do recordista de indicações nesta edição do Oscar. "Apesar das transições e motivações dos personagens nem sempre baterem na tela com total organicidade, a julgar pela razão que determina o desfecho, a direção impecável — já demonstrada em “Um anjo em minha mesa” (1990) e “O piano” (1993) —, a qualidade das interpretações, o magnetismo da fotografia (de Ari Wegner) e a relevância da trilha sonora (de Jonny Greenwood) vêm contribuindo para a repercussão alcançada por essa produção, vencedora do Leão de Prata de melhor direção no Festival de Veneza e do Globo de Ouro nas categorias Filme/Drama, Direção e Ator Coadjuvante (Smit-McPhee)", apontou Schenker. Leia a crítica completa aqui.

'Drive my car'

Carlos Helí de Almeida classificou como "elegante" a narrativa do filme do diretor japonês Ryusuke Hamaguchi. "Ele lida com todas as nuances, segurança, delicadeza, e poesia visual: uma das atrizes da montagem é uma coreana muda, que “diz” suas falas com alinguagem dos gestos", disse o crítico, se dizendo, ainda, "nada surpreso" com a indicação de "Drive my car" ao Oscar. Leia a crítica completa aqui.

'Duna'

O "visual espetacular" do filme de Denis Villeneuve chamou a atenção do crítico Mário Abbade, que lembrou de outras produções que tentaram recriar o universo do livro de Frank Herbert, publicado em 1965. Villeneuve, no entanto, acertou em cheio, na visão de Abbade: "Nas mãos do diretor, “Duna” conseguiu resolver as várias dificuldades do texto de Herbert, mesclando entretenimento com reflexão, seguindo a atual fórmula dos filmes criados para se tornar blockbusters", escreveu. Leia a crítica completa aqui.

'Licorice Pizza'

Paul Thomas Anderson caprichou ao recriar a atmosfera da Los Angeles dos anos 1970. Marcelo Janot lembra que ele já havia feito isso em "Boogie Nights" (1997). Desta vez, Anderson reflete sobre a função libertadora da arte: "Os episódios vão se sucedendo com personagens que entram e saem de cena sem muita explicação, mas isso pouco importa para o diretor e para quem embarca em sua viagem nostálgica conduzida por uma incrível dupla de atores estreantes.

A sensação que fica é a de que o mundo real e o do cinema “encaretaram” de tal forma que a função libertadora da arte, refletida em filmes assim, hoje soa como algo anacrônico e incômodo para muita gente", afirmou Janot. Leia a crítica completa aqui.

Bonequinho olha
'O beco do pesadelo'

Inspirado no best-seller noir “O beco das ilusões perdidas” (1946), de William Lindsay Gresham, o filme de Guillermo del Toro recebeu elogios de Mário Abbade, que destacou o "ótimo elenco" e a assinatura dramturgica do diretor mexicano, especialista em misturar "monstros com traumas".

O problema, no entanto, pode estar no roteiro: "o único senão está no roteiro escrito pelo diretor e por Kim Morgan, que se prolonga sem necessidade no primeiro ato. Percebe-se o carinho do cineasta com as excentricidades do circo de variedades, mas isso resulta numa barriga", avaliou o crítico. Leia a crítica completa aqui.

'Belfast'

Sérgio Rizzo traçou um paralelo da situação da Ucrânia com o enredo do filme de Kenneth Branagh, que recria o cenário de guerra civil em um bairro operário na capital da Irlanda do Norte: "ainda que as situações sejam muito diferentes, boa parte dos espectadores talvez associe o drama (indicado a sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção) à atual profusão de imagens, na mídia e nas redes sociais, sobre a fuga de ucranianos das tropas russas".

Não se deve esperar, contudo, uma análise política contundente no longa, segundo Rizzo: "O Brannagh de “Belfast” invoca suas memórias sem se indispor com qualquer lado na política britânica, voltado para consumo tranquilo do grande público", finalizou. Leia a crítica completa aqui.

Fonte: O Globo