25 capitais cancelaram as celebrações nas ruas, mas algumas cidades liberaram eventos em locais fechados e causaram debate

Porto Velho, RO - Pelo segundo ano consecutivo, os blocos de rua e trios elétricos não farão parte do Carnaval dos brasileiros. Embora 25 capitais e o Distrito Federal tenham decidido cancelar as comemorações nas ruas por conta da Covid-19, festas privadas em locais fechados ainda acontecerão em algumas cidades nos próximos dias.

Com o avanço da vacinação, a expectativa para 2022 era de muita folia e celebrações, mas, devido ao aumento de casos provocados pela variante Ômicron no início do ano, alguns governantes acharam melhor evitar aglomerações nas ruas e permitir apenas eventos privados, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro.

Devido à impossibilidade de fazer a tradicional festa que agita multidões, artistas como Léo Santana, Solange Almeida e Wesley Safadão decidiram entreter o público no Carnaval deste ano da "forma que dá".


Wesley Safadão, Solange Almeida e Léo Santana farão shows privados REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

"Minha expectativa é que tudo volte logo ao normal e que no ano que vem possamos ter aquele Carnaval lindo que o brasileiro sabe fazer, já que neste ano não teremos da forma que gostaríamos, né? Para este ano, algumas datas marcadas, dentro do que está permitido em cada região, vamos fazer.

Ainda é difícil para nós ficar longe das ruas, porque além da grande festa que é o Carnaval, também é o ganha-pão de milhares de pessoas que trabalham com entretenimento", disse Safadão ao R7.

Solange Almeida relembrou os bons tempos de folia à frente do Aviões do Forró e depois na carreira solo. "Só de Carnaval de Salvador são nove anos com o Aviões e mais três anos em carreira solo. São quase 13 anos passando essa data em blocos de rua e trios elétricos em várias cidades, e, de repente, não consegue mais fazer isso...

É bastante difícil! Muitas cidades cancelaram seus carnavais por medida de segurança, mesmo isso acontecendo não podemos perder a fé e esperança de que vamos vencer o quanto antes. Nós teremos dois shows em Aracati, no Ceará, e em Natal, no Rio Grande do Norte. É bastante difícil para quem fazia de oito a 12 shows somente nesse período. Mas, só tenho a agradecer mesmo com tamanha dificuldade."

E completou: "Eu fico muito triste porque é o segundo ano sem Carnaval do jeito que tem que ser, mas, para que a gente saia desse momento é necessário fazer um Carnaval seguro, com limitação de pessoas, respeitando as recomendações e decretos de cada região".

Léo Santana lamentou não poder cantar em sua cidade natal, Salvador, mas celebrou o fato de poder voltar com as apresentações em outras cidades. "Temos uma agenda massa para cumprir neste Carnaval. Estaremos em Goiânia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pará...

Fazendo a alegria do povo em várias regiões. Então, o plano é fazer sempre os melhores shows possíveis para quem estiver curtindo conseguir aproveitar bastante. Sou grato por poder realizar shows em outros estados durante esse período, mas não ter o Carnaval de Salvador me deixa triste."

Por isso, o cantor reforçou a importância da vacinação: "As pessoas precisam se vacinar para aos poucos tudo ir voltando ao normal e a gente consiga passar por tudo isso. Enquanto artista, eu fico feliz de ver o cenário melhorando, mas, ao mesmo tempo, triste porque ainda não será como a gente gosta".

Carnaval de rua


Representantes de associações de blocos de rua acreditam que todos os eventos deveriam ser cancelados WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO - 9.3.2019

Embora grandes artistas e organizadores de eventos comemorem a possibilidade de trabalhar nessa data, a decisão das prefeituras não foi muito bem recebida por representantes de associações de Carnaval de rua, como é o caso de Rita Fernandes, presidente da Sebastiana Associação Independente dos Blocos do Rio de Janeiro.

"A gente compreende a decisão da prefeitura, com muita tristeza, e segue para o Carnaval de 2023. No entanto, acredito que se essa era uma decisão para o Carnaval de rua, outras festas que envolvem multidões e aglomerações deveriam ter sido suspensas. Se há restrição para um determinado tipo de festa, baseado na ciência, ela deveria ser estendida às outras áreas também como shows muito grandes", disse Rita.

Zé Cury, membro fundador do Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval São Paulo, também acredita que tais eventos não representam a tradicional festa popular brasileira e que vão contra a prerrogativa de segurança sanitária.

"Podemos considerar que o Carnaval é uma mera desculpa, já que, pelo Brasil afora, desde dezembro, duplas sertanejas, promotores de festivais, bandas e outros, têm reunido de 30 mil a 60 mil pessoas em shows, de maneira frenética, já que o verão é um período propício para isso, tradicionalmente. Para equacionar a vontade popular de festejar e a necessidade clínica de se preservar, teríamos que ter um governo que apresentasse uma política nacional de saúde pública frente à pandemia", avaliou.

Apesar disso, Zé Cury ponderou que pequenos eventos, que cumpram, de fato, as normas sanitárias — como exigir uso de máscara, comprovante de vacinação e limite do número de pessoas —, podem ajudar as pessoas que trabalham com eventos e que já ficaram mais de um ano paradas.

"Pedimos a quem se dispusesse a fazer eventos de Carnaval, que cuidasse de preservar vidas, mas, às vezes, preservar vidas é conseguir comprar o pão e pagar aluguel. Ou seja, se um bloco de rua promover um evento privado, organizado nas normas sanitárias determinadas por aquela entidade que, por ironia, o proibiu de desfilar sem oferecer nada em troca, podemos entender que está no seu direito."

Confira as capitais onde o Carnaval de rua não vai acontecer:

Aracaju
Belém
Belo Horizonte
Boa Vista
Campo Grande
Cuiabá
Curitiba
Distrito Federal
Florianópolis
Fortaleza
Goiânia
João Pessoa
Macapá
Maceió
Manaus
Natal
Palmas
Porto Velho
Recife
Rio Branco
Rio de Janeiro
Salvador
São Luís
São Paulo
Teresina
Vitória

Fonte: R7