Equipes têm desempenho semelhante e deram ênfase a planejamento de olho em toda a temporada

Porto Velho, RO - Na análise fria dos números, Atlético-MG e Flamengo têm tudo para fazer um duelo extremamente equilibrado no domingo, na decisão da Supercopa do Brasil, em Cuiabá.

A amostragem ainda é pequena, claro, mas depois de sete jogos nos Estaduais, os rivais têm aproveitamento igual (76,2%). O equilíbrio permanece em algumas das principais estatísticas, como posse de bola, passes certos e finalizações por partida. Outro ponto em comum foi o método de trabalho, que privilegiou processos físicos e táticos de olho em toda a temporada.

O Atlético-MG tem os resultados do fim do ano passado como um indicativo de favoritismo, afinal o Galo conquistou o Brasileiro e a Copa do Brasil em dezembro. Entretanto, o recomeço de trabalho do zero, sob o comando de novos treinadores, ambos estrangeiros, iguala as condições antes de a bola rolar.

Se é difícil apontar uma equipe com mais vantagem em função da nova filosofia implementada, a balança tende a pesar novamente para o lado do clube mineiro se analisado o desempenho dos principais jogadores e as alternativas de elenco oferecidas.

Além da base montada com alto investimento em 2021, a diretoria do Atlético-MG reforçou ainda mais o time com peças de reposição de renome. O experiente zagueiro uruguaio Diego Godín foi anunciado como reforço para a vaga deixada por Junior Alonso.

Ademir, atacante de 26 anos que estava no América-MG, chegou como opção para a vaga de Keno. O clube contratou ainda o volante Otávio, do Bordeaux-FRA, e o atacante Fabio Gomes, que estava nos EUA. Um leque de opções para o novo treinador, o argentino Antonio Mohamed, que substituiu o multicampeão Cuca.
Renovação de peças

No Flamengo, o começo de temporada serviu para renovar com peças importantes como Arrascaeta e contratar reforços pontuais, como o zagueiro Fabrício Bruno e o atacante Marinho. O clube segue no mercado atrás de goleiro, volante e atacante.

Para repor a saída de Michael, o alvo é Diego Rossi, do Los Angeles FC. Mas a única aquisição de peso até agora foi a compra de Andreas Pereira ao Manchester United por R$ 60 milhões, valores questionados nos bastidores do clube.

A aposta é na volta da boa fase de outros destaques, como Bruno Henrique e David Luiz, que retornaram esta semana. E na metodologia do técnico Paulo Sousa, que também tem um mês de trabalho após a saída de Renato Gaúcho em dezembro.

O técnico português estreou pelo Flamengo na vitória por 3 a 0 sobre o Boavista, pela terceira rodada do Carioca. De lá para cá, foram cinco jogos e 26 atletas diferentes utilizados, após as estreias de Diego Alves e Bruno Henrique contra o Madureira. Everton Ribeiro, Willian Arão e Marinho foram os únicos a jogar todas as partidas até aqui.

Segundo Paulo Sousa, o esperado time titular não será necessariamente o que for usado contra o Atlético-MG. Mas a tendência é a formação ter os jogadores que não começaram na última partida.

— Normalmente são necessários seis ou sete jogos para podermos encontrar um equilíbrio máximo, mas vejo o jogo de forma diferente. Entendo a cultura, procuro me adaptar, tenho minhas próprias convicções, e a forma como vejo o jogo é que o time-base é o meu elenco — disse.
Galo usou 32 jogadores

Persiste ainda a dúvida sobre qual esquema será utilizado: com três zagueiros, muito observado no Estadual, ou o 4-3-3 esboçado diante do Madureira, ao qual o elenco está mais familiarizado.

O Atlético tem entrado em campo no Campeonato Mineiro com o time principal apenas em Belo Horizonte. Nos jogos fora da capital, usa um time alternativo. Com apenas 13 dias de pré-temporada, Turco Mohamed lançou titulares diante do Tombense, no Independência. Apenas Allan, Keno e Zaracho ficaram fora do 11 inicial. Os três substitutos, Calebe, Ademir e Dylan Borrero, logo deram conta do recado.

Na penúltima rodada, no clássico contra o América-MG, o clube mineiro escalou força máxima. Nesse início de temporada, Mohamed também tem feito um rodízio e dado oportunidades a jogadores com menos minutagem. Dos 36 atletas do elenco, apenas quatro não foram utilizados ainda. O treinador argentino avaliou que ainda não considera a equipe pronta, mas disse que já tem o time ideal para a final da Supercopa:

— Chegamos muito bem fisicamente. Mais de meio time não participou (do último jogo) e está descansado. Outros jogaram muito pouco tempo, então vamos chegar fisicamente ótimos para a partida de domingo.

Assim como o Flamengo na quarta, o jogo de terça contra o Athletic serviu para o técnico poupar quase todos os titulares.

— Esperamos um rival difícil, que vai propor o jogo, mas nós também vamos sair para ganhar o jogo com nossas armas. Vai ser uma final que vai se definir em pequenos detalhes — disse Turco.

Fonte: O Globo