Vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos afirmou que quer dar “respostas à sociedade”

Porto Velho, RO - 
A advogada Tatiana Borsa, que representa a defesa de Marcelo de Jesus dos Santos, afirmou que o vocalista do grupo Gurizada Fandangueira quer dar respostas à sociedade. “Ele foi lá dar alegria e está sendo acusado de trazer tristeza”, disse. Borsa afirmou ainda que acredita que o julgamento, que começa nesta quarta-feira (1º), dure entre 15 e 20 dias em razão dos depoimentos.



Segundo ela, Marcelo é uma pessoa calma, feliz e que gosta de compartilhar momentos com a família. “Ele preza muito pelos seus”, disse a advogada. “Ele conseguiu autorização para que todos os familiares assistam ao julgamento.”

A advogada disse também que Marcelo respeita a tristeza das vítimas da tragédia. “Ele sabe que, independentemente do julgamento, nada vai trazer os filhos dessas pessoas de volta.” Segundo ela, Marcelo se surpreendeu com as dimensões do julgamento ao chegar ao plenário.

Sorteio dos jurados

Os sete jurados que julgarão os quatro réus acusados de homicídio simples foram sorteados pelo juiz Orlando Faccini Neto na manhã desta quarta-feira (1º). Todos os jurados selecionados participam do Conselho de Sentença do Tribunal, e apenas uma mulher compõe o grupo que julgará os acusados. Os nomes não serão divulgados.

“É natural que falem sobre alguma coisa, mas não sobre o processo. Peço que não exteriorizem nada sobre o caso. Uma manifestação indevida dos jurados põe tudo a perder”, disse o juiz. “Peço que mantenham toda a reserva sobre isso. Poderemos conversar sobre todos os assuntos.” Orlando Faccini Neto disse ainda que os oficiais do Tribunal do Júri darão as informações. Os jurados ficarão sem acesso ao celular e à internet durante os dias em que ocorrerá o julgamento.



O incêndio, que ocorreu no dia 27 de janeiro de 2013 e deixou 242 mortos e outros 636 feridos, é a segunda maior tragédia brasileira em número de mortos como consequência de fogo e fumaça. É também a quinta do país por todas as causas, a terceira do mundo em casas noturnas e a maior do Brasil nos últimos 50 anos. Segundo o TJ-RS, o processo tem cerca de 19 mil páginas

O julgamento dos réus acusados de homicídio no caso do incêndio da boate Kiss começa nesta quarta-feira (1º) às 13h. Depois de quase nove anos, o júri vai decidir o destino dos quatro denunciados pelo Ministério Público: os dois sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor cultural Luciano Bonilha, da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local na noite da tragédia



O julgamento, que acontece no Foro Central de Porto Alegre e pode durar 14 dias, de acordo com o Tribunal de Justiça, é considerado o maior tribunal do júri da história do Rio Grande do Sul e um dos mais importantes do país. “No Brasil, tivemos poucos casos dessa magnitude, com essa gravidade e impacto social”, diz o desembargador Antônio Vinícius Amaro da Silveira, presidente do Conselho de Comunicação Social



O réu Luciano Bonilha, 43 anos, chegou ao prédio do Foro Central de Porto Alegre, nesta quarta-feira (1º), para o primeiro dia de sessão aos gritos de “eu não sou assassino”. Ele caminhava acompanhado do advogado de defesa e, ao subir as escadas, deu a declaração à imprensa

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul espera receber cerca de 300 pessoas para assistir à sessão. A maioria é de vítimas e parentes de pessoas que morreram no incêndio e que se mobilizaram para sair de Santa Maria, no interior do estado, e ir até a capital acompanhar o desfecho da tragédia

Assista: