É a segunda vez que aliados de Bolsonaro contradizem mandatário, que prometeu reajuste a servidores federais


Porto Velho, RO - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) afirmou nesta quinta-feira (18) que não vê espaço dentro da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios para permitir a concessão de reajuste salarial aos servidores federais em 2022.

A afirmação contradiz o presidente Jair Bolsonaro, que declarou que existia a possibilidade de conceder o aumento com a aprovação da proposta. O relator do texto no Senado e líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), também negou que essa seja uma das funções da PEC.

“Eu absolutamente não vi esse espaço, não conheço esse espaço. Os números que foram apresentados pela economia para a Câmara dos Deputados não previam esse aumento.

Eu penso que aquele portfólio de custos que foi amplamente divulgado para imprensa possa ser honrado, para que a gente tenha a fidedignidade do que foi acertado na discussão em plenário e que seja mantido na votação da PEC”, afirmou Lira nesta tarde.

Quando ainda estava em missão oficial no Bahrein, no Oriente Médio, Bolsonaro afirmou que a PEC deveria abrir um “pequeno espaço” para que os salários de servidores federais fossem reajustados.

Contudo, no dia seguinte, o próprio líder do governo no Senado e relator do texto negou que a PEC dos Precatórios tivesse o objetivo de abrir espaço orçamentário para a concessão de aumentos. Fernando Bezerra afirmou que a prioridade é viabilizar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

“Nós estamos ainda no início das análises da peça orçamentária do ano que vem e tem muito pouco espaço para atender a tantas demandas. Mas acho que o cobertor está muito curto e que todo o esforço que estamos fazendo agora não é para atender reajuste de servidor. É para atender aos mais pobres do Brasil", afirmou Bezerra na quarta (17).

A equipe econômica ainda não se manifestou oficialmente sobre a promessa de Bolsonaro. Segundo estimativas do próprio governo, a PEC dos Precatórios, caso seja aprovada pelo Senado sem alterações, abrirá espaço fiscal de R$ 91 bilhões.


A PEC ainda enfrenta grande resistência no Senado, como mostrou levantamento do R7 publicado no início desta semana. Na quarta, senadores se reuniram com Bezerra para apresentar uma versão alternativa do texto, que ainda precisa ser analisado pela CCJ antes de ser votado no plenário do Senado. Caso seja alterada, a proposta volta para uma nova análise dos deputados.

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