Queimadas próximas a capital foram veiculadas


Porto Velho, Rondônia - Segundo reportagem publicada no início da semana no periódico carioca, "áreas de queimada no norte de Rondônia têm estradas bloqueadas e segurança hostil".

Leia abaixo a matéria na íntegra:

"Circular na divisa de Amazonas e Rondônia sem companhia da polícia não é simples. O GLOBO tentou chegar por terra a áreas onde satélites haviam registrado queimadas, mas se deparou com estradas bloqueadas e impedida de atravessar propriedades privadas para acesso.

O ambiente é hostil para forasteiros. Um produtor de banana em área remota do município de Porto Velho perseguiu a reportagem para perguntar se a equipe pertencia ao Ibama. Em Candeias do Jamari (RO) o jornal parou para fotografar uma tora de madeira perdida na estrada, e um motoqueiro pediu à equipe saísse "para passar uma boiada".

Nos dois locais, o GLOBO só conseguiu observar queimadas usando um drone. Segundo Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace, se um aparato relativamente modesto já é capaz de desmascarar a ilegalidade em muitas áreas, isso mostra que o governo federal também também pode fazê-lo, pois tem acesso a mais dados.

A investigação das ONGs, porém, muitas vezes esbarra na falta de transparência do CAR (Cadastro Ambiental Rural), onde o governo registra os mapas das propriedades rurais com floresta e seus donos. É possível consultar abertamente os mapas, mas dados de pessoas físicas e pessoas jurídicas associadas só estão disponíveis para agentes do poder público.

Nos dois dias em que circulou por grande parte dos municípios de Candeias do Jamari e Porto Velho, o GLOBO não se deparou com ações de fiscalização. A reportagem se deparou com um único veículo da Força Nacional de Segurança. O Ministério do Meio Ambiente não detalhou se há alguma operação sendo conduzida na região.

Para Ane Alencar, cientista do IPAM, existe sinal de que a força motriz do desmatamento na região não é a receita financeira do agronegócio em si, nem das madeireiras. O que alavanca a destruição é a especulação fundiária, com a grilagem aquecendo o mercado de terras para ocupação pelo agronegócio.

“Foi curioso que algumas das grandes áreas desmatadas que nós vimos não viraram pasto, já estavam em processo de regeneração da vegetação. Não vimos boi, não vimos cerca”, conta Alencar.

“Por que se investiu tanto dinheiro numa área de 500 ou 700 hectares para depois não colocar nada, nem uma cabeça de gado? Isso mostra um processo de delimitação de uma área para depois reivindicar aquele espaço público. Para mim, é grilagem”, diz."

Fonte - O Globo