Rondônia aparece no estudo

Porto Velho, Rondônia - A área de divisa de três Estados - Mato Grosso, Rondônia e Amazonas - está sofrendo uma pressão de desmatamento que já começa a alterar o chamado "arco do fogo" da destruição da floresta no bioma amazônico. A extração de madeira avança sobre o território da floresta, mostra levantamento que avalia o impacto na área. O trabalho mostra o impacto da retirada de madeira na área central daquela divisa tríplice, atingindo também áreas públicas de preservação.

Os dados são de uma parceria das entidades Imazon, Imaflora, Idesam e Instituto Centro de Vida (ICV) com a Rede Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Rede Simex). O levantamento mostra que a exploração de madeira se concentra fortemente na região no norte do Mato Grosso, que lidera a exploração com 236 mil hectares afetados, metade da área de extração (51%).

Depois, aparece o Amazonas, que registra com quase 72 mil hectares (15,3%), e Rondônia, com 69,7 mil hectares (15%). Em quarto lugar na pressão da exploração madeireira está o Pará, à direita no mapa, com 50 mil hectares, 10,8% do total da extração. O Acre (em quinto lugar, com 27,4 mil hectares) e, no fim da linha, no extremo norte do País, Roraima (2%) e Amapá (0,2%).

"É a primeira vez que estendemos essa medição do impacto na exploração de madeira na Amazônia. Antes, o algoritmo media apenas dois Estados, Mato Grosso e Pará, mas agora abrange sete Estados", explica Marco Lentini, do Imaflora.

Segundo o especialista, o mapa da exploração de madeira mostra que a pressão das derrubadas na floresta para a sua retirada aponta uma alteração no "arco de fogo". Essa é uma faixa de terra que no mapa vai do Acre, passando por Rondônia e sul do Amazonas, norte de Mato Grosso, chegando ao Pará e o Amapá. A extração agora atinge fortemente também áreas mais centrais dessa curva, principalmente na altura da fronteira do Amazonas.

Estudo mostra extração em unidades protegidas - Lentini destaca que os dados apontam um forte impacto da exploração em áreas públicas. O ranking da atividade madeireira sinaliza o ataque em áreas que deveriam estar livres da ação predatória. A retirada de madeira atinge 28.112 hectares, 6% do total explorado na Amazônia, acontecendo dentro das Unidades de Conservação.

A ação ocorre também em 24,8 mil hectares de Terras Indígenas (5%). A área indígena mais atingida, entre as dez que registraram exploração de madeira, foi Tenharim Marmelos, no Amazonas, com 6.330 hectares afetados pela retirada de madeira. "Esse é um dos principais pontos do levantamento", diz Lentini. "Pelo menos um quarto da extração já acontece em terras públicas, unidades de conservação e terras indígenas", avalia o pesquisador.

Ele argumenta ainda que os governos estaduais dificultam o acesso aos dados. Para o pesquisador, isso impede a leitura exata do que é desmatamento legal, autorizado em áreas privadas, e a ação ilegal nas fazendas. "Esse é um ponto de dificuldade na obtenção das informações, mas já é possível ver que a pressão sobre a floresta avança pelo centro do 'arco de fogo'", pondera Lentini.

Pelo levantamento, Aripuanã e Colniza, ambos em Mato Grosso, são as áreas que concentram a maior pressão de exploração de madeira por município no ano. Porto Velho, capital de Rondônia, foi a terceira colocada, seguido pelos amazonenses Manicoré e Lábrea. Depois aparecem outras três cidades da fronteira pressionada pela extração de madeira no MT: Nova Maringá, Feliz Natal e Marcelândia. Por último, entre os dez mais afetados, estão Feijó, no Acre, e Paragominas, no Pará.

Procurados para comentar os resultados do levantamento, o Conselho Nacional da Amazônia Legal não se manifestou até as 21 horas deste sábado, 4.

Fonte - Terra